domingo, 27 de junho de 2010

Amada, cara amada...

Escrevo-te porque não tenho o que dizer...
E não ter o que dizer quando se sente o que sinto, é sufocante.
Só sabe quem já sentiu a dor do mundo...
Escrevo-te porque quero ser mulher.
Tenho vida amada, sim tenho vida...
Tenho beijos e toques, tenho belas palavras...
Se tenho e sou o que tenho...

porque não me basta?

sábado, 12 de junho de 2010

A Mão

Ela olhou pela janela. O mundo lá fora a esperava e ela estava presa.
Ela ouviu passos.
Pessoas passaram por ela, dizendo coisas que ela simplesmente ignorou. Aquele sentimento de inferioridade que sentia tomou conta.
Às vezes ele vinha para atingí-la.
Outras, ela atirava-o aos outros. E assim vivia, recebendo e dando, machucando e sendo machucada, os movimentos eram feitos em um ciclo de ida e volta e por mais que em alguns segundos fizessem sentindo, logo vinha a onda de realidade lavar as impressões e as esperanças.

Havia uma mão estendida, implorando para ser segurada. Existia um caminho a ser seguido, mas que por alguma razão impertinente, estava coberto de raízes e árvores que impediam a sua passagem. Bloqueado.

Até que ela agarrou a mão.
E ela agarrou-a com tanta força que ambas sangraram. Mas, elas não se importaram. Uma mão começou a guiar a outra e assim, criaram uma nova trilha. Desempedida, limpa, livre!
Ela sentia o ritmo da vida em seus pés e corria descalça, descobrindo a verdade a cada passo, finalmente sendo quem ela realmente era! Ah! Que alegria sentia... E bastava-lhe.
Autosuficiência, pensava. Que idéia vã e tola, na verdade.
Não sentia-se só. Não... Ela tinha a mão que agarrara no ínicio intacta a ela. E esta, ela nunca abandonaria. Era a única força que lhe puxava cada vez mais para o que ela precisava.

Até que a mão desapareceu. Simplesmente sumiu. Deixou-a, como toda a ilusão ou sonho que ela agarrara antes.
E o ódio preencheu-a. Tão forte que ela assustou-se com o que tornara-se. Ela estava causando medo a si mesma apenas com a própria presença. Pensava "em que desgraça eu cai?".
Procurou reverter, procurou fugir, procurou achar-se. Mas, sem a outra ela não era nada. E o nada não lhe bastava.

Vivia por viver. Sentia por convenção. Vendia mentiras. Sem sentir nenhum remorso.
Revoltada em sua própria cápsula, ela começou a destruir-se. Fibra por fibra e quando restava apenas uma, ela percebeu...

Nunca existiu mão alguma. Ela estava sozinha o tempo todo. Quem ela pensou que a sustentava, na verdade, não era outra pessoa. Era, de fato, ela mesma. Perdera-se.

Hoje, ela torce para que as partes voltem a se juntar. Apenas torce. A verdade está ali, a pura. Ela crê... E tenta não destruir a própria fé, o que é quase impossível. Ela tenta acreditar no movimento e na reparação de cada coisa existente. Mas, isso já não faz mais parte de quem ela é. Para o bem ou para o mal, ela vive de realidades.

Hoje, ela reza.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

- A MENTE TRANSFORMANDO O CORPO -

Olhei-me no espelho como a muito tempo não me olhava. É claro que você não espera muitas mudanças na sua fisionomia com apenas 18 anos de idade, mas, mais uma vez... A vida nos surpreende.
O que não se pode negar é que estou em um ponto crítico e por mais que eu esteja bem, por mais que eu esteja aqui, intacta em meu corpo, pernas, braços e tantos outros membros em seus devidos lugares... Eu estou me borrando de medo.
Porque aqui dentro...
Aqui dentro, meus queridos "admiradores", está uma verdadeira e assustadora bagunça. O pior cenário de todos, o pesadelo mais temido: A mente transformando o meu corpo.
Usando uma ironia mundana e completamente sem graça, para variar um pouco, inverti as impressões, a ordem dos fatores que alteram SIM o resultado. Enquanto a maior parte das pessoas passam as suas vidas conservando a idéia de que a mente é o santuário, o lugar de se guardar a paz, meus queridos "amigos"... Eu descobri o contrário e isto mudou toda a minha percepção de futuro, passado e presente.
Eu quero que o meu corpo seja a grande estrutura de força do meu ser, pois já que a minha mente está, de fato, transformando-o não há mais sentido em lutar contra isso.
Quero mergulhar nesse ritmo que só ela me oferece, deixando ainda mais evidente e cada vez maior a minha arrogância, o meu egoísmo, toda a parte suja desta que vos fala. Não há nada para ser admirado ou amado neste ser, meus caros...
Tudo que existe é um calor desconhecido, completamente mutável, aparecendo quando quer e se quer, em doses minímas ou em doses fracas, duas vezes ou apenas uma... Não há controle. É perigoso. Não é convencional.
A intenção não é assustar ninguém.
Posso não estar dentro de padrões, posso não ter nada a ser admirado ou amado, mas o que sou definitivamente não é feio.

Deparo-me com uma contradição.
Sou uma contradição.
O que escrevo é uma contradição.
Minhas amizades se alimentam da contradição.
Meus amores então...

A vida só é digna quando se vive o que é.