quinta-feira, 27 de maio de 2010

O Primeiro Desejo.

Te fiz minha amada.
Te fiz minha amada por precisar de mais um momento viva, por precisar de mais um suspiro.
No momento em que eu estava no ponto entre o agora e o que certamente não existirá depois, te fiz minha amada.
Cometi um erro, um crime... Porque te amo sozinha.
Porém tudo que me dás é o ar, a luz e a essência em dozes minímas que alimentam - nunca suficientemente, o meu egoísmo e a minha preguiça.
Essa minha mania de prever o final que me impede de criar outra história...
De tentar viver de outra forma.
Tu és inegavelmente o meu amor.
Porém, a palavra final ainda é minha... E sempre será.
O que eu sou é meu e não teu.
Não te tenho e não luto para te ter.
Porque o que me basta é a solidão e esse sentimento idealizado que não vem de ti.
Vem de mim, do que eu preciso...
E assim, só me enojo cada vez mais do que me tornei.
Mas, então... Surpreendo-me.
Lá no fundo... Ainda existente, lá no fundo...
Aquele pequeno brilho... Esperança.
E então, meu amor, percebo o que estou começando a esperar de você.
Por favor, por favor... Faça-me acreditar em teus olhos, em seus lábios, na sua verdade...
Por favor, me mostre algo real que me faça continuar a avançar no que eu não conheço...
Por favor, me faça acreditar em mim novamente...
Por favor...
Por favor...
Peço-te, peço-te, peço-te... Infinitamente, imploro-te.
Quão miserável eu me tornei?
Deixei a minha descrença superar a minha esperança.

Um comentário:

  1. "Porque o que me basta é a solidão e esse sentimento idealizado que não vem de ti."

    "Transforma-se o amador na coisa amada,
    Por virtude do muito imaginar;
    Não tenho logo mais que desejar,
    Pois em mim tenho a parte desejada.
    (...)
    Está no pensamento como idéia;
    O vivo e puro amor de que sou feito,
    Como a matéria simples busca a forma."
    Camões

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