Tempos difíceis chegam e vão embora. Para mim, eles permanecem.
Tudo que eu vejo é a destruição, todos os dias, gestos, despedidas, atos de amor e ódio, olhares, pequenas palavras, sentimentos atropelados.
Tudo ao contrário.
Tudo contrário ao que eu via antes.
Alguém com as mãos sujas virando o meu mundo ao avesso, me mostrando aos poucos que o que eu acreditava e o que eu cravei nas minhas costas está absurdamente errado.
E o pior de tudo...
Não sou eu que me provei isso.
Ou será que foi?
Quando esse vazio começou a tomar conta do meu ser e dos meus atos?
Quando eu parei de acreditar realmente no que as pessoas diziam para mim?
Quando eu passei a duvidar daquelas frases que antes faziam o meu dia e me influenciavam a agradecer por estar viva?
Quando foi que eu perdi a minha vida?
Será que é isso que me leva a procurar desesperadamente por algo, alguém, alguma força que me impulsione de novo, que me dê a minha essência de volta?
Me sinto roubada, desvalorizada, interrompida.
E por mais que exista alguém que ainda diga "ei... você é uma pessoa especial, não se esqueça disso." , tudo que vem a seguir me prova o avesso dos sentimentos. Da sinceridade.
Sinto que corro em uma estrada sem fim, morrendo aos poucos, com fome, frio, sede e eu sei que eu posso parar. Eu sei que eu posso simplesmente dar fim a essa jornada, mas mesmo assim, eu corro.
Eu corro porque eu quero acreditar que no final da estrada, algo estará me esperando.
Esse algo que eu já tive e que eu quero recuperar.
Esse algo que... Me fazia ser eu mesma. Tão pura e suficiente... Transbordando amor, felicidade, abraços e beijos... A beleza que eu via na vida não mais borrada, quebrada.
As pessoas...
Os olhares...
As palavras...
Aquele sentimento que nos afirmava "nós vamos ficar juntos para sempre, nós vamos ser felizes para sempre".
Era o tempo em que o "para sempre" fazia sentido. Não, bem mais que isso, era lei no nosso mundo. E era tudo tão belo...
Será que nós finalmente crescemos?
Será que crescer significa isso? Cada um no seu caminho, cada um perdendo um pouquinho mais de si?
Por favor diga que não! Por favor, pegue a minha mão, me abrace de novo, me mostre no seu beijo que eu ainda posso querer me afogar nos sentimentos sem morrer! Por favor... Por favor... Por favor...
Porque eu odiaria nos ver naquela pilha em que milhares de pessoas estão e continuam vivendo... Aquela pilha dos que "quase conseguiram", dos que desistiram no meio do caminho.
Eu olho para o lado.
Vejo que corro sozinha. Vocês estão atrás de mim... Parados. E a cada movimento dos meus pés... Eu me afasto cada vez mais... Até o ponto em que eu olho para trás... E não os vejo. É só o mundo, mostrando que ele me venceu.
Ele me venceu.
Não há nada no final da estrada.
sábado, 1 de maio de 2010
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ao ler seu post a unica coisa que queria comentar é: ISSO É CRESCER! e vc chegou a essa conclusão...
ResponderExcluirdesculpa, eu sei que vc nao queria ouvir, mas é a unica resposta que eu, que me sinto exatamente como vc descreveu consigo encontrar...
mas é um processo. e o processo exige essas sensações... o final é a gente que vai escolher o que quer sentir, o que quer alcançar.
vc vai encontrar seu lugar no mundo. vc vai se encontrar.
to com vc nesssa!
correremos...
Corremos nós, que imaginamos a vida e vivemos das Quimeras, das Utopias e da ilusão desses pequenos mitos...
ResponderExcluirAh, tudo na nossa cabeça soa tão invencível; um desvio, uma encruzilhada no meio do caminho e pensamo-nos perdidos.
Um dia sem aquele olhar, sem aquele abraço e já nos sentimos menos do que éramos.
Um segundo sem atenção; um desespero: morremos um pouco.
Corremos, de mãos dadas com nossas virtuosíssimas idealizações.
Adriana Murasaki
faceneutra.wordpress.com